Por Paulo de Oliveira Enéas*
Em meio ao impasse político que o movimento de rua vive há meses, existe de nossa parte a convicção formada de que a próxima onda de grandes mobilizações populares seguramente será liderada pela direita conservadora. E isso somente vai ocorrer se essa direita, hoje desorganizada e representada por pequenos grupos e figuras públicas ou semi-públicas individuais, tiver a competência e capacidade de perceber que cabe a ela, e somente a ela, tomar a iniciativa de exercer daqui para a frente o protagonismo do movimento de ruas.
E afirmamos isso com base no entendimento de que a esquerda dificilmente conseguirá reaver nos próximos anos o monopólio das mobilizações de rua na escala a que essa esquerda, em particular o quase moribundo petismo, estava acostumada a exercer desde os últimos anos do regime militar. Manifestações da esquerda hoje não vão muito além de mortadelos pagos que se juntam a delinquentes black blocs com a finalidade exclusiva de construir narrativas por meio do enfrentamento com a polícia, contando com o apoio e o respaldo da grande imprensa para propagar tal narrativa vitimista deliberadamente construída.
Da mesma forma, a frente política ampla, geral e quase irrestrita que formou o movimento pró-impeachment, e que ensejou o maior movimento de massas da história do país, dificilmente irá repetir tal feito, uma vez que o próprio sentido de existência daquela frente já não existe mais. Os diversos segmentos político-ideológicos que formavam aquela frente já não conseguem hoje nem mesmo chegar a um acordo quanto a realização de novas mobilizações em torno de temas comuns, uma vez que não há entendimento comum sobre os mesmos e sobre os rumos a seguir.
O movimento pró-impeachment seguramente criou uma memória de mobilizações cívicas ordeiras e pacíficas, nas quais as pessoas e famílias se vestiam de verde e amarelo para ir às ruas defender as cores da bandeira nacional, dizer não ao comunismo, e se congraçar com a polícia. Essa memória que persiste precisa e deve ser transformada em cultura política, para fazer renascer o sentimento de orgulho nacional e o desejo e a disposição de dar novos rumos ao país, distintos dos rumos de destruição dados até aqui pela esquerda.
É obrigação portanto da Direita Nacional confiar na força do povo brasileiro, e tomar para si essa tarefa de apontar esses novos rumos. Se a direita deseja se constituir como alternativa real de poder no país no médio prazo, ela precisa retomar urgente o movimento de ruas, mas com uma pauta explicitamente de direita e conservadora, sem fazer qualquer concessão. Pois é deste movimento que irão surgir novas lideranças políticas expressivas de direita: um novo Carlos Lacerda, ou as versões nacionais de um Nigel Farage, de uma Marine Le Pen ou de um Viktor Orban, primeiro-ministro húngaro.
Ativistas e atores políticos da direita conservadora têm a obrigação de mirar no exemplo dessas figuras públicas e históricas. Esses atores e ativistas da direita têm a obrigação também de não mais esperar a boa vontade e o interesse de outras forças políticas que fizeram parte da frente pró-impeachment para tomar suas decisões. A Direita Nacional, ainda que desarticulada e desorganizada, tem a obrigação hoje e agora de tomar para si o protagonismo da ação política nas ruas.
Nota: O exemplo citado do Primeiro-Ministro da Hungria também se estende a lideranças de direita de países como Polônia, Romênia e República Tcheca, e reflete um mesmo pano de fundo: enquanto a Europa Ocidental caminha para o suicídio civilizacional induzido pela esquerda, os valores fundamentais da civilização ocidental se fortalecem no Leste Europeu. Esse fato político e histórico de extrema relevância é tratado em alguns dos ensaios do livro Geopolítica Contemporânea: Desconstrução de Narrativas da Esquerda Globalista, de autoria do editor do Crítica Nacional.
* ENÉAS, Paulo de Oliveira. A Direita Nacional Precisa Se Apresentar à Nação. Crítica Nacional. São Paulo, 22 set. 2016. Disponível em: <https://criticanacional.wordpress.com/2016/09/22/a-direita-nacional-precisa-se-apresentar-a-nacao>. Acesso em: 26 set. 2016.
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